domingo, 21 de abril de 2013

Dica de Luthier: Cry Baby versus Cry Baby




Acho que todo mundo que conhece ao menos um pouco do pedal de Wah-Wah Dunlop Cry Baby GCB-95 fica na dúvida de qual indutor vai vir quando se compra um, essa semana comprei um Cry Baby, é o segundo que tenho, quando chegou o Sedex aqui em casa corri para abrir a caixa e a primeira coisa que fiz quando segurei o pedal em minhas mãos foi desmontá-lo inteiro para tirar a dúvida que o vendedor não sabia responder, ele tinha o indutor Fasel ou Dunlop?
Pra quem não entende muito deste pedal, o indutor é a peça responsável pelo efeito Wah-Wah, por alguma razão que ainda não foi acertada com clareza, algumas lendas dizem que a fábrica fechou, outras lendas dizem que a Vox comprou a fábrica da Fasel e isso impedia a venda para a Dunlop, da história real pouco se sabe, o que importa é que do final dos anos 70 até o ano de 2010 os pedais Cry baby CGB-95 vinham equipados com o indutor Dunlop, depois desta data, lançou-se o Cry Baby GCB-95F – o F se deve justamente ao fato deles virem o com indutor Fasel, clássico indutor e grande responsável pela fama dos pedais Cry Baby nos pés de Jimi Hendrix, Eric Clapton entre outros, a volta do indutor Fasel a elétrica do Cry Baby causou certo reboliço no mercado de pedais de Wah-Wah , hoje, algumas unidades da linha mais simples, o GCB-95, também estão vindo com o tal indutor lendário, conseguimos testar os dois pedais ao mesmo tempo, não vamos discutir a elétrica deles, no Blog Hand Made existem inúmeros tópicos fazendo isso de forma mais brilhante do que eu poderia sequer imaginar em fazer, aqui vamos falar da diferença de som e diferença do timbre dos pedais, que é o que interessa mesmo na hora de decidir a escolha de compra.

Indutor Dunlop à esquerda e Fasel à direita


A primeira coisa que quis testar é o True Bypass, li muitas discussões a respeito disso, os dois pedais desligados e dês-energizado fizeram a função True Bypass, li comentários que se a bateria acabasse o som do músico iria ficar mudo, MITO! Os pedais sem nenhuma fonte de energia transmitiram o sinal para o amplificador e sem perda de frequência (compressão) ou outra interferência, se você olhar as imagens onde os circuitos estão expostos verão que as chaves são de modelos (ligações) diferentes umas das outras, SPDT ou DPDT, as duas realizaram a função do True Bypass perfeitamente, já que de fábrica, nenhum modelo é True Bypass, todos são TRUE HARDWIRE BYPASS, ainda segundo alguns comentários em Blogs americanos - Cry Baby True Bypass só existe no Brasil, na cabeça de alguns guitarristas - não há mudança de timbre, não houve mudança de volume, compressão, nada! Era como se a guitarra estivesse ligada direto ao amplificador.

Circuito com o Indutor Red Fasel
Circuito com Indutor Dunlop

  Existe diferença de timbres entre eles, quando ligado, o pedal com o indutor Fasel tem agudos mais profundos e graves mais rasos, já o pedal com o indutor Dunlop tem graves mais profundos e agudos mais rasos, também percebi no pedal com o indutor Dunlop que o curso do pedal é maior que o pedal com o indutor Fasel, o pedal com o indutor Fasel por alcançar agudos mais profundos precisa de maior atenção do usuário, uma vez que seu uso com guitarras de timbre mais médio/agudo como por exemplo: Soloist, Fly in V, Ice Man e outras guitarras de timbre mais magros, podem gerar pequenos “trincos” no timbre, distorcendo o som, em guitarras como Les Paul, Les Paul S, Explorer, FireBird e outras guitarras mais “corpulentas” o usuário pode ir até o final do curso do pedal sem medo, no caso de guitarra Strato a cautela vai depender do estilo da captação que você está usando, testamos em duas Fenders, uma Fender American Traditional com captação Tex Mex e uma Fender Mexicana com captação Texas Special, ambas dispensaram o uso de todo o curso do pedal, utilizamos 85% do curso para que não trincasse o som da guitarra, quando testado em uma Gibson Les Paul Zakk Wylde signature o pedal com o indutor Dunlop soou grave de mais, em função do modelo da guitarra, logo para obtermos um melhor timbre, utilizamos o pedal após 15% do início do curso.
Com o teste realizado podemos afirmar que:

1 – se você usa uma guitarra com o timbre magro – compre o pedal com indutor Dunlop, que tem o som mais grave e menos agudo.
2 – se você usa uma guitarra com timbre gordo (cheio) – compre o pedal com o indutor Fasel, que alcança agudos mais profundos e tem graves mais rasos.
3 – se você gosta de voar pelas escalas enquanto utiliza o WahWah – compre o pedal com o indutor Fasel, que tem um curso menor e soou melhor em solos.
4 – se você usa o Wah-Wah em bases de Reggae ou outro estilo com o timbre mais limpo e um uso mais lento do curso do pedal – compre o pedal com o indutor Dunlop, onde você tem maior opção de timbres, mas lembre-se que usá-lo em velocidades mais altas irá embolar o som.




Como disse no começo do tópico, há vários post falando sobre a elétrica do sistema, mas se você pretende entender sobre o som que essas variações elétricas causam, sigam este post que vai direto ao que interessa.
Para realizar estes teste, tive a ajuda de um grande amigo, Rafael Oliveira, guitarrista da banda Retro Rock, utilizamos amplificadores Marshall Master Lead Combo 1x12 1983, Land Scape Predator 65 1x10, Cabeçote Mesa Boogie Dual Rectifier ligada em uma caixa Crate 4x12, de guitarras usamos: Fender American Traditional 1999 com captação Tex Mex, Fender Mexicana 1996 com captação Texas Special e uma Gibson Epiphone Zack Wylde Custom Signature com captadores EMG's ativos 85\81.



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